havia uma princesa chamada “Lua de Sabedoria”, que era discípula de um Buddha, que era seu Guru e recebeu dela uma oferenda de 19.000m3 de preciosidades por sua imensa devoção. Por essa devoção esta princesa atingiu as mais altas realizações espirituais.
Foi lhe dito que, como um dos diversos resultados de sua prática, ela ia renascer como homem, pois era mais benéfico do que nascer mulher, porque poderia viver na floresta, ou numa gruta deserta, sem ser molestada. Mas a princesa não aceitou, pois já haviam muitos iluminados sob a forma masculina e a forma feminina poderia inspirar mais mulheres. Ficou em retiro e após longas meditações ela atingiu o altíssimo estado de “não origem”, o estado real da mente e dos fenômenos “incriados”, sem início ou fim, ilimitado.
A partir de então ela passou a ser conhecida como Tara (Tare ou Drolma) a “salvadora”, ou “aquela que libera” e também como Arya Tara, a Nobre Tara, a Salvadora, a Estrela, Grande Veloz, Protetora e Eliminadora dos Oito Medos[2]. Tara é uma “deidade meditacional”, corporificação da atividade de todos os Buddhas.
Em seu mito, conta-se que Avalokiteshavara, o Buda da Compaixão, que em profundo pesar pelos sofrimentos do seres no samsara, derramou infindáveis lágrimas dos olhos formarando um lago no qual emergiu uma flor de lótus. Quando a flor se abriu, a maravilhosa Tara saiu de dentro dela, prometendo ao Buddha defender a todos os seres em todos os mundos, de forma imediata e heróica, para remover obstáculos, para proteção e em situações de medo. Conta-se também que na época de Buda Amogashidhi (em outro éon), Tara entrou em novo estado de concentração para proteger os seres do perigo dos medos e dos demônios e beneficiou muitos seres oferecendo-lhes muita ajuda imediatamente quando chamada. Este estado é chamado “a concentração que completamente conquista os demônios”. Por ser sempre veloz em socorrer, ela foi conhecida como rápida e corajosa.
O termo Tara é derivado da raiz “tri”, “atravessar”, possui o mesmo sentido em tibetano, correspondente a “Dreulma” ou “Drölma”. Como “Senhora do Barco”, ela conduz a alma que atravessa a corrente do samsara rumo à distante margem do nirvana. Tara tem o poder eterno de salvar as criaturas atravessando-os com total segurança pelo horrível “oceano da existência fenomênica, pois o mar inteiro é o brincar cintilante e ondulante de sua shakti”.
O barco representa um símbolo de salvação. Tara é a Grande Deusa Bondosa que acalma a correnteza, com o apoio de suas inúmeras barqueiras trabalhando para salvar náufragos.
Tara é o arquétipo da Sabedoria interna que reside em todos os seres sencientes. Ela protege e guia até mais profundo inconsciente, ajudando a libertá-lo para a consciência.
Tara Verde é representada sentada sobre uma flor de lótus emergindo de um lago, porém quase todos os budas são apresentados sobre o lótus, sentados ou de pé. Veste roupas de realeza, com diversas cores e uma blusa ornamentada com jóias, mas que não cobrem seus seios. Na cabeça há uma tiara com jóias e um rubi ao centro simbolizando Amitabha, seu pai espiritual da família búdica do lótus. Cada mão mostra um mudra e possui o talo de uma flor de lótus com uma flor aberta e dois botões, indicando o alcance de sua atividade em todos os tempos. A perna esquerda está encolhida, indicando sua renúncia as paixões mundanas, mas a perna direita se estende e sai da flor, indicando sua presteza para acudir e ajudar todos os seres.
Seu mudra da mão direita é o de “dar-oferecer”, indicando sua habilidade para oferecer a todos os seres o que necessitam, enquanto a mão esquerda, na altura de seu coração, faz o mudra de “oferecer refúgio”.
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