Ao pensar sobre a necessidade de falar sobre o início da expansão feminina na sociedade, desde a antiguidade, onde apenas o homem tinha o direito de trabalhar e exercer cargos públicos, me senti obrigada a abordar a história de Hipátia.
Na cidade de Alexandria no Egito, por volta do ano 370 D.C nasce uma mulher além de seu tempo: Hipátia de Alexandria. Filha do diretor do Museu de Alexandria, o filósofo, matemático e astrônomo Theón. Desde pequena, foi educada por princípios matemáticos e filosóficos no desejo de torná-la um ser perfeito. Acreditava-se no ideal grego de que mente e corpo deveria estar em perfeita harmonia de acordo com o ditado “mente sã em um corpo sadio” (“men sana in corpore sano”).
Nos seus relatos, Sócrates a descreveu como uma mulher que realizou grandes feitos na literatura e na ciência como nenhum outro filósofo antes na época. Transmitia seus conhecimentos filosóficos para quem quisesse ouvir e muitos vinham de longe só para ouvi-la. Destacou-se na escola de Platão de Plotino ao demonstrar desde cedo sua profunda sabedoria e para aprimorar ainda mais os seus conhecimentos, viajou para Atenas ainda jovem, tornando-se discípula na Escola de Plutarco, onde explanava os seus ensinamentos Neoplatônicos. Quando retornou a sua cidade natal, foi condecorada com a cadeira de professora na Academia de Alexandria pela qual se torna diretora aos 30 anos.
Hipátia lutava pelo pensamento livre numa época em que o Cristianismo tornava-se cada vez mais forte sobre o Paganismo em Alexandria, e as pessoas que tivessem pensamentos opostos, eram considerados hereges e perseguidos. Sua vida ainda estava a salvo no período em que seu ex-aluno Orestes, foi prefeito. Mas quando Cirilo se tornou o novo bispo da cidade, o movimento pagão foi reprimido violentamente e Hipátia, condenada a morte.
Com requintes de crueldade, morre uma mulher que se destacou como nenhuma outra de sua época, por pregar a liberdade cultural e filosófica do pensamento, que estava no seu início, mas que logo foi brutalmente interrompida por uma doutrina religiosa. Hepátia morreu levando consigo toda a sabedoria de uma mulher que queria promover a liberdade de expressão para o seu povo, para sua cidade Alexandria. Um exemplo a nos mostrar que jamais devemos deixar de acreditar e lutar pelos nossos ideais.
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